O PÚBLICO NEM SEMPRE ESCOLHE O MELHOR, WERTHER NO THEATRO SÃO PEDRO. CRÍTICA DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.


  Theatro São Pedro, foto Internet
 O dia 27 de Novembro foi uma data com grandes eventos na cidade de São Paulo. O Theatro Municipal apresentou Macbeth de Verdi , dirigida por Bob Wilson e sua concepção extravagante e excêntricae com ingressos esgotados. Na Sala São Paulo tivemos a apresentação do barítono brasileiro Paulo Szot, o bonitão cantou de tudo: jazz, música popular brasileira, musical gringo e se lembrou das origens, cantou duas árias de ópera. Repertório moleza e em prol da Tucca. Sala São Paulo lotada para ver o afamado barítono . O Theatro São Pedro apresentou a ópera Werther de Massenet, entre as três opções da noite, com certeza a melhor. Mas o público não pensou assim, teatro com muitos lugares vazios.
Atique e Pacce em cenna de Werther, foto Internet
  
   Os acertos da produção começaram com a escolha do elenco, solistas de primeira grandeza. Fernando Portari sempre competente, voz com belos agudos e um timbre espetacular de tenor. Considero Portari  o melhor tenor do Brasil juntamente com Martin Muehle. O que dizer da voz de Luisa Francesconi, vou cansar de elogiar a moça.  Mezzo-soprano do mais alto nível, canta elevado, uma voz penetrante munida de graves fartos que tocam na alma. Um timbre perfeito para a personagem Charlotte, além  do timbre a guria mostra uma beleza encantadora no palco e uma grande representação cênica. Quando for descoberta começará uma grande carreira internacional e será difícil vê-la em nossos palcos.
Elenco de Werther, foto Internet

   O soprano Gabriella Pace esteve perfeita como Sophie, cantou e representou de maneira graciosa. Mostrou uma fartura de belos agudos e um belo fraseado. Uma voz delicada  e adequada a personagem com uma atuação cênica impecável. Vinícius Atique surpreendeu, mostrou bela voz de barítono com bons agudos, consistentes do começo ao fim da récita. Atuou com primor e mostrou todos os sentimentos de seu personagem. Boa garoto!
   A concepção e direção cênica de André Heller-Lopes se mostrou criativa e dentro da realidade do Theatro São Pedro. Idéias inteligentes contam de maneira clara o espírito de libreto, fácil de acompanhar, com cenários limpos e quase nada fora do lugar. Movimentação dos cantores correta, luz focada de maneira inteligente , cenários simples e funcionais e figurinos certos fazem a direção ser inovadora sem ser exagerada. Mostrar Charlotte grávida  e o contraste das cortinas brancas e negras foi uma bela sacada .
    Portari e Francesconi em cena de Werther, foto Internet
   Luis Fernando Malheiro entende o universo da música francesa, conduziu a orquestra do Theatro São Pedro com tempos e volume corretos. Mostrou, na regência, todas as belas melodias líricas escritas na partitura e uma grande intensidade dramática no último ato. O coro das crianças merecia mais alguns componentes.
   Pena o público ter debandado para outros teatros, perdeu a melhor apresentação da noite. Werther será cantado no dia 01 e dia 04 de Dezembro por Leonardo Neiva em versão para barítono inédita no Brasil.
Ali Hassan Ayache 

  
  
  
  
  

Comentários

  1. Comentário de Fabiana Crepaldi no Facebook:

    A Sala São Paulo não estava lotada. Eu mesma, na segunda parte, quando ligaram uma caixa de som altíssima na minha cabeça, mudei de lugar com facilidade. Aliás, não só eu, um monte de gente fez isso, deixando a platéia elevada vazia. Acho que fiz a escolha certa, e não errada, porque Paulo Szot só tinha na terça e Werther tem ainda no fim de semana. Além disso, apesar do repertório e da orquestra MEDONHA de Tatuí, Paulo Szot tem uma voz linda, é um grande barítono brasileiro que conseguiu merecida projeção internacional.
    Um comentário sobre a orquestra: é inaceitável que a orquestra do conservatório que se diz um dos melhores do país, que é estadual, ligado á secretaria da cultura, toque daquele jeito. Quem estava lá sabe do que estou falando. Até agora a pior orquestra que eu tinha visto na vida era a do Pantanal, agora é a de Tatuí. E não me venham com essa de que são estudantes, jovens, etc, porque então o que são os músicos da orquestra de Heliópolis, que é muito melhor? São estudantes carentes e até mais jovens. Se da orquestra de Tatuí forem sair nossos futuros músicos estamos mal!

    ResponderExcluir
  2. A grafia correta é Gabriella Pace.

    ResponderExcluir
  3. Comentário de Renato Mesquita no Facebook:

    Em Bh, na semana anterior, o Szot fez um belíssimo programa Mahler - Wagner, que incluia os Ruckertlieder e o final da Walquíria, com a Filarmônica daqui. Excelente!!!

    ResponderExcluir
  4. Paulo Szot não cantou 2 árias. Ele cantou o ciclo de 5 canções(dificílimas) de Mahler e poemas de Ruckert.
    Aliás o fez como nunca ouvi igual. Impressionante controle e bom gosto( apesar da orquestra tentar estragar tudo...) Não existe nenhum outro cantor nacional com essa técnica e compreensão do que faz. Foi imperdível. Não de onde tirou que ele cantou 2 árias??Ele queria repetir o Wotan que fez em BH mas a orquestra não deu conta....
    O repertório pop foi admirável. Eu mesmo me vi ovacionando depois de "Old Devil Moon"e This Nearly Was Mine. Valeu cada centavo, foi uma aula de canto!
    É isso....

    ResponderExcluir
  5. É muita arrogância e pretensão querer dizer ao público o que ele tem que assistir, pelo que tem que optar...

    ResponderExcluir
  6. Gostei demais de Werther, especialmente do segundo ato em diante; sou fã de Fernando Portari (dessa vez eu consegui conversar um pouco com ele! Um grande abraço, meu amigo Ali.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas